Sobre os amores que vieram com furacão e saíram com a nossa paz
Se a paz mora na solitude,
que a gente a receba por inteiro, sem medo.
Nem sempre é por falta de amor que se parte,
às vezes, é justamente o excesso,
quando o amor vem em forma de vendaval,
quando o toque traz afeto,
mas também desordem e desequilíbrio.
Quantas vezes fomos amadas em meio a furacões?
Quantas vezes dissemos "sim"
enquanto afundávamos um pouco mais por dentro?
Já vivemos naufrágios em nome de promessas,
já nos perdemos tentando manter à tona
relacionamentos que só sabiam afundar.
E não é que não existia sentimento
mas existia também grito, pressão, instabilidade.
Amor que tira o eixo não é lar,
é prisão com nome bonito.
Chega desse ciclo vicioso
de sermos arrastadas pelo caos dos outros.
A nossa alma foi feita pra respirar.
E respirar exige espaço, exige paz.
Por isso fazemos um pacto:
nunca mais permitir que o amor de alguém
seja maior do que a tranquilidade que custamos a reconquistar.
Essa paz que tantas vezes foi arrancada,
essa paz que resgatamos das ruínas,
quando ninguém mais estendeu a mão.
Se for preciso,
que escolhamos a solidão consciente
não como castigo,
mas como retorno à nossa verdade.
Porque amar também é calma,
também é silêncio bom,
também é segurança.
Estar em paz é estar inteira.
E quem nos ama de verdade,
não nos fragmenta.
Se o preço da liberdade for andar só,
que andemos.
Porque a paz que mora em nós,
essa ninguém mais leva.