Entre os Escombros do Eu
Aprendi a sorrir com os lábios,
enquanto a alma gritava em silêncio.
Fiz do riso uma armadura,
e dos olhos, espelhos trincados.
Sob os escombros do que fui,
guardei pedaços do que sou.
Cada opinião engolida
foi um tijolo a mais no muro que me cerca.
Fingi leveza onde há peso,
acalmei tempestades só por fora.
O mundo aplaude quem não incomoda,
então calei meu próprio som.
A cada máscara que vesti,
me perdia de mim mesma.
Ser aceita custou caro demais:
paguei com a verdade da minha essência.
Mas há dias em que as rachaduras falam,
e o falso sorriso não segura o pranto.
É quando lembro:
não nasci pra caber num molde que me diminui.