Não ponha máscaras para esconder o que sente,
Nem vista o riso como armadura reluzente.
Lá fora, o mundo exige coragem disfarçada,
Mas cá dentro, na alma, há uma dor calada.
Sorrimos por hábito, por medo, por defesa,
Como quem esconde uma ferida com leveza.
Mas a noite sabe, com sua luz apagada,
Que o peito sangra mesmo sem ter espada.
No escuro do meu quarto eu posso despir
As mentiras que uso pra não sucumbir.
Sou silêncio, sou grito, sou lágrima fria,
Sou tudo que o dia me nega ser com ousadia.
Escondemos os cacos sob tapetes de rotina,
Fingimos que cura é só mais uma esquina.
Mas há gritos guardados em cada olhar vago,
E um coração cansado implorando afago.
Quantos choram por dentro e ninguém vê?
Quantos sorriem só pra sobreviver?
E se fôssemos, enfim, verdadeiros no sentir?
Quem sabe o mundo aprenderia a ouvir...
Permita-se cair, sem ter que fingir altura.
Permita-se doer, sem pedir desculpa à ternura.
Porque ser humano é ser imperfeito e nu,
E é no escuro do quarto que a alma vê a luz.