Hoje eu consegui pensar um pouquinho no futuro.
É estranho escrever isso parece simples, mas faz tanto tempo que ele estava bloqueado na minha memória. Como se o amanhã fosse uma estrada em neblina, e eu estivesse parada, com medo de dar qualquer passo.
Mas hoje, algo em mim se abriu. Talvez tenha sido o céu mais claro, ou o café que aqueceu meu peito de um jeito diferente. Talvez tenha sido só o fato de eu ter me escutado com mais gentileza.
A verdade é que, por alguns minutos, consegui imaginar possibilidades. Não certezas, não grandes planos só a ideia de que existe algo depois desse agora.
Pensei em lugares que ainda quero conhecer, em risadas que ainda quero dar, em pessoas que talvez ainda nem conheci e já me aguardam em algum cruzar de caminhos. Pensei na casa que quero morar, no cheiro do bolo que vou assar num domingo qualquer, na música que vou colocar pra tocar só pra dançar sozinha pela sala.
Pensei até em como eu quero amar: leve, sem medo, com entrega, mas com raiz.
Pensar no futuro não significa ter tudo resolvido. Significa apenas acreditar que ainda há tempo, espaço e sentido. Que a estrada, mesmo torta, leva pra algum lugar bonito.
E quer saber? Mesmo que ainda doa às vezes, mesmo que algumas feridas ainda estejam aqui, latejando... hoje eu senti algo diferente: vontade.
Vontade de viver o que ainda não vivi.
Vontade de me descobrir mais um pouco.
Vontade de continuar.
Mas aí...
Eu acordei.
Era só um sonho.
A cama seguia vazia, o céu estava cinza, e o café nem teve gosto. O futuro voltou a ser um borrão. E eu, mais uma vez, fiquei presa nesse presente doído, tentando respirar entre o desânimo e a realidade.
A esperança escorregou pelos dedos, como sempre.
Hoje, o dia foi péssimo. E, sinceramente? Eu estou de novo desesperançosa.
Mas escrevi. E talvez, só talvez, isso já signifique alguma coisa.